Camaleão do mal
Bandido dos mil disfarces
Câncer de infinitas metástases
Vírus letal em plena multiplicação
Quando remediado, sempre encontra nova mutação.
Infectando cada movimento que faço
Cada pensamento meu
Cada decisão minha.
Ele se esconde por trás de meu papel de vítima, que não quer admitir sua vilania
Ele se esconde por trás do vilão que demonstra ser superior a todos
Ora ele espreita meus diplomas, ora minhas conquistas.
Até na ignorância ele encontra onde se colocar.
Deleita-se nos elogios, mas rejeita as repreensões.
Seu negócio é ser primeiro
Em qualquer comparação
Não poupa ninguém
Do professor ao arquiteto
Do pecador ao santo
Da criança ao idoso
Ele é fugitivo do Éden.
Ele abriu a porta para Satanás
Tudo que ele quer é um esconderijo
Ele me diz:” tu és Deus.
Tu sabes o que é bom e o que é ruim.”
Ele faz da pobreza um troféu
Da riqueza um instrumento cruel
Na beleza coloca o gosto do fel
Engravidou o mundo de cada pecado
Seu DNA está em tudo
Quase onipresente
O único lugar que ele não entra é o céu.
Colocou na ira fogo destruidor para que todos fossem subjugados a sua própria razão
Deu conselhos a inveja: “toda a admiração para ti e ninguém mais”
Ensinou a avareza: “primeiro o teu, segundo os teus e tudo o mais”
À preguiça catequisou: “seu conforto e que se lixem os outros”
1991 ano do diagnóstico fatal: estado grave
Neguei, procurei cúmplices, me debati
Até reconhecer a doença que caminha comigo
Hoje lembro a mim mesmo
Cada dia
Que a cura ainda não veio
Apenas o tratamento
Graça pura
Graça amarga, tanto quanto maior é a minha enfermidade.
À cruz com ela, diariamente.
Até que chegue aquele que é perfeito
Você conhece?
Conhece.
Só não deu o nome.
Que Deus nos guarde de nós mesmos, e do nosso ORGULHO.
Um abraço quebra costelas.
O discípulo gaudério.